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RESERVA INDÍGENA GUARANI RIO SILVEIRA. OS ÍNDIOS EM COMUNIDADE.

  • Foto do escritor: cibertextoubc
    cibertextoubc
  • 4 de dez. de 2014
  • 6 min de leitura

A Reserva indígena Rio Silveira reúne a comunidade de índios tupi-guaranis numa região privilegiada pela vegetação. São aproximadamente 500 índios divididos em seis grupos com seis lideres que ajudam o cacique.


Localizada na Mata Atlântica, a Reserva faz divisa com os municípios de Bertioga e São Sebastião, e de acordo com o chefe da CTL da Funai, em São Paulo, Márcio José Alvim do Nascimento, antes as terras ocupadas pelos indígenas eram de 948 hectares, mas pela demarcação aprovada por portaria publica do Ministério da Justiça, a medida atual é de 8.500 hectares.


De acordo com o cacique Adolfo Timóteo, o aumento na demarcação das terras se da por meio de lutas antigas. "A primeira demarcação não abrangeu o território ideal para a comunidade indígena, por isso estamos lutando para garantir que as futuras gerações tenham seu espaço, para que não aconteça como na região de Mato Grosso do Sul, que vive em conflito com fazendeiros porque as terras não foram demarcadas de maneira suficiente", conclui o cacique.



Pequenas casas construídas em pau-a-pique com palha, ou casas feitas com madeira da Aldeia. As casas não possuem sanitários, por isso utilizam o meio ambiente. Porém, com o estreitamente das relações indígenas com o homem branco, atualmente a comunidade conta com duas áreas onde foram construídos banheiros e tanques, para facilitar na recepção de visitas de escolas ou turistas.



Com relação a moradia, a comunidade será a primeira a receber casas do Programa de Moradia Indígena. Serão construídas 50 moradias em alvenaria, para benefício das famílias. Esse programa será possível graças ao convênio da FUNAI, Prefeitura de São Sebastião e C.D.H.U com o Estado de São Paulo, e além das casas, será desenvolvido também um projeto de saneamento básico específico para a Reserva, para não descaracterizar a cultura dos índios.


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Economicamente, os índios vivem do cultivo e do comércio de produtos artesanais. A renda obtida com o comércio dos produtos, suplementa a renda das famílias produtoras.

A Reserva possui um ambulatório médico, com atendimento mensal de responsabilidade do município de São Sebastião. Conta também com uma escola, inaugurada em dezembro de 2000, de responsabilidade do município de Bertioga. No período letivo, os professores tem a ajuda de um índio adulto em cada sala, que contribui na tradução do Guarani para o português e vice-versa. São aproximadamente 75 alunos matriculados, da pré-escola até a 4º série do Ensino Fundamental.


Mantendo as tradições, a cultura indígena se reforça a cada evento realizado na Reserva do Rio Silveira. Geração após geração, os costumes são repassado de pai para filho, não deixando morrer a essência do povo guarani.


Datas Comemorativas

As comemorações realizadas pelos índios, registram sua cultura e a importância deles em nossas vidas e na história do Brasil * 19 de Abril – " Dia do Índio" – comemoração e manifestação; * 09 de Janeiro – Batizado, realizado uma vez ao ano. Após batizado as crianças recebem o nome em Guarani.


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Olhar Indígena


Para entendermos e conhecermos um pouco mais sobre a comunidade indígena, falamos com Tupã Uerá, Alexandre, de 35 anos, professor de geografia na aldeia e filho do Pajé, e com o Cacique Adolfo, que nos contaram um pouco da realidade da Reserva.


Como é a interação do povoado com as tecnologias?

Tupã Uerá: Antigamente era difícil a comunicação rápida entre os moradores, mas por exemplo com a internet nós já não temos mais essa dificuldade, é só mandar uma mensagem pelo celular e pronto. Os alunos também tem acesso a internet na escola, principalmente para fazer os trabalhos escolares, mas já tem muitos jovens que possuem seu próprio celular. O Facebook também aqui na aldeia já tornou-se um meio de comunicação nosso.


Em sua opinião, a abertura da aldeia para o público traz malefícios em algum aspecto?

Tupã Uerá: Eu acredito que se as pessoas que entram na aldeia tiverem respeito, não atrapalha. Quando há um propósito, é bom. Muitos estudantes vem aqui e acabam fazendo um intercâmbio. O que não pode acontecer é a gente deixar indivíduos entrarem só porque querem entrar, para fazer bagunça aqui. Porém receber pessoas que fazem pesquisas, gente do bem, que querem explorar algo e mostrar pra quem ainda não nos conhece, é uma coisa muito legal.


Você prefere a comunidade indígena como era antes ou como está agora?

Tupã Uerá: Eu acho que em algumas partes melhorou bastante a vida nossa aqui, por exemplo na parte da saúde e da educação evoluíram muito. Antes da gente ter esse contato com a civilização a mortalidade de recém nascidos era enorme, porque nós não tínhamos um auxilio médico, mas hoje em dia praticamente todos sobrevivem, eles tem um acompanhamento médico, vacinas, todo o cuidado necessário. Na área da educação as crianças atualmente tem a possibilidade de aprender a ler e escrever. Já por outro lado não é tão bom, porque antigamente a gente não tinha esse contato e vivíamos só da pesca, da caça e dos alimentos retirados da floresta, mas agora temos que preservar o meio ambiente e dependemos do mundo dos brancos para sobreviver, as famílias tem que arrumar formas diferentes para se sustentar, como o artesanato.


Uma comunidade é algo que vai além de um espaço geográfico, é um sentimento de pertencimento, é algo coletivo e não individual. Vocês ainda tem esse sentimento pela comunidade?

Tupã Uerá: Com certeza, nós moramos aqui e estamos cientes que temos que cuidar da nossa terra, se eu vejo alguém jogando um lixo no chão eu repreendo, porque eu me sinto responsável pelo lugar onde moro e seu que isso não é certo. Também se eu tiver que viajar vou despreocupado, porque sei que a comunidade vai cuidar de minha casa enquanto estou fora, ninguém vai roubar nem fará nada de ruim porque os meus vizinhos estão cuidando por mim. A maioria das coisas que acontecem na aldeia depende da comunidade, o Cacique é o chefe só que ele não pode tomar decisões sozinho, se tiver algo que tenha que ser decidido para a comunidade tem que ser discutido entre todos na casa de reuniões para chegar a um consenso.


A aldeia era fechada ao público antigamente?

Cacique Adolfo: Sim, antes nós vivíamos mais "nos matos", no tempo antigo a gente vivia lá perto da cachoeira, então era mais fechado. Só eram recebidas pessoas importantes que vinham fazer trabalhos e conversar conosco.


Como era a vida aqui antigamente?

Cacique Adolfo: Antigamente era tudo na natureza, não tinha eletricidade, água encanada, carro passando por aqui, nem branco chegando todo tempo. A gente não dependia do branco, hoje mudou muito, para praticamente tudo dependemos do branco. Agora tem que vir o carro para levar paciente, tem que ir na escola estudar, mudou o cotidiano, o dia-a-dia da vida de índio, então principalmente avanço da tecnologia, educação, saúde, que mudou antes não tinha vacina, hoje tem que tomar injeção, as crianças tem que estar controladas no peso altura, aí requer mais organização, cada um fica em um trabalho.


Vocês continuam lutando pelas demarcações de terras?

Cacique Adolfo: Sim, nós fizemos manifestação lá na avenida paulista e na bandeirantes, repercutiu bastante na imprensa. Antes da Copa do Mundo em maio, nós também manifestamos em Brasília. Um índio flechou um soldado da tropa de choque e saiu na televisão, porque que o índio chegou a esse ponto? porque político não respeita mais os índios, a maioria não respeita na cidade. Ilhabela por exemplo não tem mais nem um índio porque o povo branco invadiu, agora só tem condomínio de luxo. Os antigos moradores tradicionais, os caiçaras sofreram muito também. Chegaram os caras cheios de dinheiros, compraram as terras por preço de banana e agora o povo tornou-se empregado deles.


Como é a relação de vocês com os bairros vizinhos?

Cacique Adolfo: Nós sempre vamos receber pessoas de fora, a recomendação que nós temos é pra não termos conflitos com os vizinhos, mas na cidade as pessoas não nos respeitam muito tem gente que invade, assalta, rouba, acontece muito aqui, a pessoa entra na aldeia e vai no mato caçar, rouba palmito, faz o que quer.


(Para visualizar o vídeo, deixe o cursor próximo à borda esquerda do vídeo, quando aparecer a mãozinha, clique e o vídeo começará a rodar)

Pesquisa desenvolvida por Adriano Valdez, Carolina Cristina, Érica Costa, Graziely Ramos e Jocemi Oliveira. Texto por Jocemi Oliveira Imagens e entrevista por Érica Costa.

 
 
 

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