Um breve histórico sobre o fenômeno Selfies
- cibertextoubc
- 29 de set. de 2014
- 3 min de leitura
Popular entre os jovens e cada vez mais comum até mesmo entre o público de idade mais avançada, o termo “selfie” veio para ficar não só na linguagem virtual, mas já se tornou, em 2013, o mais novo verbete do dicionário americano Oxford.
Com o conceito "Fotografia que alguém tira de si mesmo, em geral com smartphone ou webcam, e carrega em uma rede social", o termo explodiu em 2012, com a popularização de vários aplicativos que permitem o compartilhamento exclusivo de fotos com novos efeitos e diferentes filtros. Nessas redes sociais o termo “selfie” vem sendo cada vez mais usado na legenda de fotos publicadas por jovens entre 14 a 25 anos, com um crescimento de 17.000% referente à sua citação, configurando-se como o mais novo fenômeno da era virtual.
Apesar de essa prática ter se tornado um hábito recente entre os usuários e

artistas que estão nas redes sociais, o autorretrato já existia em relatos históricos realizados, por exemplo, através de pinturas feitas tanto pelo artista alemão Dürer (1471-1528) quanto pelo pintor Rembrandt (1606-1669) em um de seus autorretratos na foto ao lado. Ambos quais retrataram muitas vezes o próprio rosto através da arte.
Com a invenção da fotografia e seus avanços, na primeira década do século 21 as pessoas já começaram a se auto fotografar com maior frequência. Os primeiros registros podem ser relembrados pelos usuários dos já esquecidos blogs de foto dos anos 2000 - fotolog, flogao - e outros precursores de sites que permitiam a criação de uma conta própria para postar fotos à vontade.
Assim que surgiram os primeiros celulares com câmeras embutidas, e as máquinas fotográficas e digitais começaram a ser substituídas. O celular facilitou a captura e a exposição de seus registros junto com o avanço da internet nesses aparelhos, transformando todo o cenário fotográfico e virtual em um curto espaço de tempo, onde mal foi possível acompanhar toda essa evolução, fazendo com que todos participassem automaticamente desse movimento.
“O termo “selfie” vem sendo cada vez mais usado na legenda de fotos publicadas por jovens entre 14 a 25 anos, com um crescimento de 17.000% referente à sua citação.”
Por que as pessoas tiram tantas selfies?
A jornalista Gabriela Pasquale, 23, usuária de redes sociais e atualizada em relação às novidades do mundo virtual, considera a “selfie” uma prática interessante para eternizar momentos, sendo uma forma de compartilhar etapas felizes da vida de cada um que o faça. “Acho que mais do que uma questão de integrar à massa online, aqueles que são adeptos dessa prática, muitas vezes, a fazem por conta do ego. Porém, não é só isso. Também há aquela questão de poder se lembrar de um local visitado, dos amigos que fazem parte da foto e dos momentos alegres que já foram vividos.”, concluiu a jornalista.
No entanto, essa prática popular também possui sua vertente negativa, como na análise realizada pela Dra. Pamela Rutledge, diretora de do Centro de Pesquisa de Psicologia em Boston que concedeu algumas impressões sobre o assunto para o jornal Daily Mail, ao dizer que as selfies podem estar relacionadas com um alto nível de narcisismo ou autoestima muito baixa, pois essas pessoas buscam a aceitação de outros para sua própria satisfação.
De acordo com o diretor de psicoterapia em grupo e psicólogo formado pela PUC do Paraná, Victor Piassa, é natural que as pessoas cultivem essa relação de dependência em buscar o reconhecimento do próximo para se sentir bem, mas

também há o lado social e moral nessa abordagem. “O ser humano sempre teve a necessidade de reconhecimento. A questão é em como manifestar esta necessidade. Acredito que as mídias sociais estão transmitindo um reflexo de uma sociedade com valores morais e éticos distorcidos, que vem perdendo força na educação e está fragilizada politica e socioeconomicamente, demonstrando a necessidade de uma série de transformações”.
Victor Piassa acredita ainda que apesar de seus pontos negativos, a necessidade que as pessoas têm em postar sua selfie e realizar o compartilhamento virtual não se configura em uma perda de identidade, e sim na busca de sentimentos e laços efêmeros. “Se pensarmos que nós seres humanos temos a tendência de nos relacionarmos, muitas vezes, em função de interesses em comum, não haveria razão para que este movimento, feito pelas mídias sociais fossem causadores da perda de identidade. Desta forma, vejo como mais preocupante a superficialidade das relações ao comportamento padronizado de grupos de pessoas.”
Texto por Renata José e Verônica Martucci.
Comments